De acordo com a edição de hoje do Correio da Manhã, no dia 31 de Maio deste ano havia em Portugal 93.473 pessoas com baixa médica e, um mês depois, esse número subiu para 117.671 trabalhadores. Significa que num mês houve um acréscimo de 24.198 pessoas que faltaram ao trabalho por motivos de saúde, o que corresponde a cerca de 800 novas baixas por dia.
Segundo o mesmo jornal, a Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral afirma que há cada vez mais doentes tristes e deprimidos com os seus problemas laborais, mas eu não creio que isso seja suficiente para que os médicos assinem as suas baixas, porque eu também ando triste e deprimido por pagar tantos impostos e ver a minha pensão a minguar, mas tenho que reagir. Além disso, são bem conhecidos os estudos que revelam que a crise económica reduz o absentismo, porque as pessoas faltam menos ao trabalho com medo de o perder, o que contraria a tese da citada associação.
À primeira vista os números divulgados pelo Correio da Manhã assustam. Porém, feitas as contas, verifica-se que aquele número de baixas representa cerca de 2,4% da população total empregada. Ora, um estudo da Pricewaterhouse Coopers de 2007, revela que a taxa de absentismo médio da Europa é de 4%, encontrando-se os valores mais altos na França (4.5%) e o mais baixo na Itália (3.0%), tendo Portugal o valor de 4.1%. Assim sendo, o nosso problema não tem a gravidade que o Correio da Manhã insinua. No entanto, todos sabemos que há em Portugal muito absentismo não justificado. Quantas vezes já ouvimos alguém dizer que “vou meter baixa”, sem qualquer justificação. E há médicos que vão nisso! Esta distracção clínica é de tal dimensão que, em 2010, foram detectadas mais de 70 mil baixas fraudulentas, algumas inclusive de desempregados para evitar acções de formação obrigatória ou a aceitação de um trabalho. Se esses casos não tivessem sido detectados, teriam custado mais de 4 milhões de euros ao Estado. E, repito, há médicos que vão nisso. Baixas fraudulentas? Não, obrigado!
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