A EDP que é uma grande empresa e um quase monopólio no que
respeita ao abastecimento de electricidade a Portugal, que é o seu maior negócio,
veio anunciar um lucro de 792 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano,
o que representa uma redução de apenas 0,3% em relação ao mesmo período do ano
passado. No mesmo período, o EBITDA – um indicador que mede os lucros antes dos
juros, impostos, depreciações e amortizações – atingiu 2799 milhões de euros e
aumentou 2,1% relativamente ao mesmo período do ano anterior. Estes números dão
que pensar! Evidentemente que foram apreserntadas justificações com base nos
negócios internacionais, para esta evolução tão positiva em tempo de crise, mas
podemos dizer que enquanto a economia portuguesa está em recessão e os portugueses
estão a ser vítimas de um assalto aos seus salários e pensões, a EDP cresce na
lógica do mais descarado abutre, protegida pelos mexias, pelos catrogas e por
alguns dos seus fiéis amigos acantonados no seu Conselho Geral e de Supervisão.
A maioria dos accionistas da EDP são estrangeiros e,
naturalmente, levarão consigo estes lucros sob a forma de dividendos – a China
Three Gorges (21,3%), as espanholas Iberdrola Energia (6,6%) e Oppidum (6,1%),
os americanos da Capital Group (5%), mas alguns também seguirão para o
Luxemburgo, para a Argélia e para o Qatar. Por cá ficarão sobretudo os
dividendos do Grupo José de Mello, SGPS (4%), que é o maior accionista
português da empresa. Ora aqui está um caso para os nossos corajosos
governantes actuarem, pois estamos cansados de os ver atacar sempre os mais
fracos. E se há contratos a respeitar com a EDP, também há contratos a
respeitar com os reformados e pensionistas que descontaram aquilo a que foram
obrigados e que agora estão a ser expoliados desse direito ao que é seu.
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