A edição
desta semana da revista Visão inclui uma alargada reportagem
sobre os negócios em que estão envolvidos alguns políticos e pergunta “o que
juntará Luís Filipe Menezes (ex-autarca e líder do PSD), Martins da Cruz
(ex-conselheiro diplomático de Cavaco e antigo MNE) e Jorge Costa
(ex-secretário de Estado das Obras Públicas de Durão Barroso) numa desconhecida
empresa do ramo imobiliário, com fortes laços em Angola”. Na realidade, de
acordo com essa reportagem, a política, a diplomacia e os negócios constituem
um triângulo que passa por Vila Nova de Gaia e tem importantes ramificações em
Luanda. Tanto quanto parece, não está em causa qualquer ilegalidade, mas apenas
um grave atropelo à ética republicana com o uso da política para satisfazer
gananciosos e promíscuos interesses pessoais. Foi assim com Loureiros e Varas,
com Limas, Mouras, Coelhos e com muitos outros, isto é, com gente que,
impunemente, usou os conhecimentos e as influências que adquiriram na
actividade política para fazer negócios especulativos ou ocupar posições de
topo. Antes da política pouco valiam, mas com ela tornaram-se iluminados e ricos.
É uma
triste sina lusitana haver tanta gente que se serve da política para “subir na
vida” e para exercer actividades altamente lucrativas, que nunca na vida
conseguiriam sem a bengala da política. Neste caso, os novos empresários têm um
denominador comum que é terem exercido funções na Câmara Municipal de Gaia, que é a segunda mais endividada do país e
parece estar em risco de falência com uma dívida próxima dos 300 milhões de
euros. Pois é esta gente que agora se dedica a negócios imobiliários.
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