Há actualmente um
enorme conflito religioso no mundo islâmico a fazer lembrar os conflitos
religiosos entre católicos e protestantes, que atravessaram a Europa no século
XVII, estando de um lado a confissão sunita
e do outro a confissão xiita, cada
uma delas resultante das diferentes interpretações do Alcorão. O conflito é
sério e tem-se desenvolvido na Síria e no Iraque, mas agora parece ter-se
aberto uma nova frente no Iémen, com uma guerra ainda não declarada entre o
Irão xiita e a Arábia Saudita sunita, como revela a edição asiática da
TIME.
A República do
Iémen tem 527 mil km2 e 24 milhões de habitantes. Estrategicamente
situada à entrada do mar Vermelho e com fronteira com a Arábia Saudita, o país tem
estado a ser dominado por um conflito nascido da acção dos rebeldes houthis (xiitas) que, com o apoio do Irão, desafiaram a autoridade do governo e já dominam a maior parte do
país. O Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi
refugiou-se em Riad, na Arábia Saudita. A cidade de Sanaa, que é a capital do
Iémen está em poder dos rebeldes houthis, enquanto Aden, a segunda cidade do
país, está confrontada com violentos combates entre os apoiantes do Presidente
e os rebeldes houthis, mas também com uma grave situação humanitária. Uma coligação
militar liderada pelos sauditas, com o apoio do Egipto, Jordânia, Marrocos e
das monarquias do golfo Pérsico interveio com ataques aéreos e ameaça com uma
invasão terrestre. Os Estados Unidos apoiam.
Como pano de
fundo deste conflito e desta intervenção saudita no Iémen está a luta pela
supremacia regional entre o Irão (xiita)
e a Arábia Saudita (sunita). Perante esta
situação, as posições dos Estados Unidos são incompreensíveis, aparecendo
contra ou ao lado do Irão, conforme as circunstâncias. Em Lausana fazem acordos
com o Irão para limitar o seu programa nuclear, no Iraque aliam-se ao mesmo
Irão para combater o Estado Islâmico, enquanto na Síria apoiam as forças que
lutam contra Bashar-el-Assad e o seu aliado iraniano. Agora, no Iémen, estão ao
lado dos sauditas e contra o Irão. Ninguém percebe a política externa americana
que, apesar do seu poder, não consegue soluções consequentes. Entretanto, o
terrorismo ganha terreno e a indústria do armamento farta-se de fazer negócios
e de ganhar dinheiro.
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