A revista semanal
italiana Tempi que se publica em Milão aborda como tema principal da sua
última edição a situação na Turquia e, em especial, o comportamento do seu
Presidente Recep Tayyip Erdoğan que,
depois de ter sido primeiro-ministro durante cerca de onze anos, foi eleito
para a presidência do país em Agosto de 2014.
Não é preciso dominar fluentemente o idioma italiano para
perceber que o título Bottino di guerra,
que significa despojos ou prendas de guerra, nos conduz à triste realidade de
perceber que a Turquia está a tirar vantagens da situação que ela própria
ajudou a criar, com a sua oposição a Bashar el-Assad e a sua aliança com a
Arábia Saudita. O subtítulo esclarece ainda mais: “protegida pelo guarda-chuva da NATO, a Turquia
de Erdoğan pratica o saque na Síria, trafica com o ISIS e pratica a extorsão
aos refugiados. E a União Europeia ainda a premeia com três mil milhões de
euros”. Realmente...
É sabido que a Turquia tem sido o principal apoio das
forças anti-Assad e que é pelo seu território que é feito o contrabando do
petróleo que financia o ISIS. Sabe-se, também, que sendo os curdos o grupo que
mais tem combatido o radicalismo do ISIS, como se viu em Kobani, tem sido
fortemente bombardeado pelos turcos sem que a NATO trave essas acções que,
objectivamente, favorecem o ISIS e o jihadismo. O recente abate de um avião
russo na fronteira turca, também mostrou que a Turquia não quer ver estranhos a
observar o que se passa nas suas fronteiras.
Erdogan tem sido acusado de autoritarismo e de ter a
família envolvida em negócios duvidosos, para além de estar a seguir uma
orientação islâmica, no país que há muitas décadas tinha sido transformado num
Estado secular por Ataturk. Afinal quem é e o que quer Recep Tayyip Erdoğan? A revista Tempi
desconfia e eu também. Será que ele é muito diferente de Sadam Hussein
e de Bashar el-Assad e de tantos outros lideres daquela região?
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