A cidade portuguesa de Mazagão (El Jadida) |
Durante alguns
dias fui conhecer Ceuta e alguns locais da costa atlântica de Marrocos, a começar por
Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger, a que se seguiram Azamor, Mazagão e Safim,
onde as fortificações portuguesas com as suas muralhas e bastiões integram o património arquitectónico local e impressionam pela sua grandiosidade e até
pelo seu estado de conservação. A aventura
portuguesa em Marrocos começou em 1415 com a conquista de Ceuta, a que se
seguiu a tomada de Alcácer-Ceguer (1458) e, depois, de Arzila
e de Tânger (1471), pelo que o rei D. Afonso V passou a usar o título de
“Rei de Portugal e dos Algarves, d’Áquem e d'Além-Mar em África”.
O senhorio
português sobre este Algarve d’Além-Mar, nome que designava o
conjunto de praças dominadas pelos portugueses no Norte de África,
alargou-se com a ocupação de Safim (1508) e a conquista de
Azamor (1514), a que se seguiu a construção de uma nova cidade em
Mazagão. A orla costeira marroquina e o acesso ao mar Mediterrâneo, assim como
as actividades marítimas na região, passaram a estar controlados pelos
portugueses, embora pareça ser incontroverso que, por falta de meios, nunca
procuraram o domínio territorial, tendo inclusive abandonado algumas das praças
que dominavam. Após a restauração da independência em 1640, a
praça de Ceuta optou por permanecer sujeita à coroa espanhola e em 1662 a praça
de Tânger foi cedida à coroa inglesa como dote de D. Catarina de Bragança
aquando do seu casamento com Carlos II de Inglaterra. Ficou Mazagão como a
única fortaleza portuguesa, mas que veio a ser abandonada em 1769 por decisão
régia.
Em 2004 as
fortificações portuguesas de Mazagão, que hoje se integram na cidade de El
Jadida, foram classificadas como património da Humanidade pela UNESCO e hoje
são a melhor das memórias portuguesas em Marrocos.