Aqui bem perto de
nós há algumas situações de tensão cujas características e níveis de
preocupação são bem diversos. Uma dessas situações é a questão do Saara
Ocidental.
O Saara Ocidental
é uma antiga colónia que a Espanha abandonou em 1975, sem infraestruturas e com
um população nómada e totalmente analfabeta, que faz fronteira terrestre com
Marrocos, Argélia e Mauritânia. Os saaráuis fundaram a Frente Polisário (Frente Popular para la
Liberación de Saguía el-Hamra y de Río de Oro) e em Fevereiro de 1976
proclamaram a independência da República Árabe Saaraui Democrática (RASD), que
tem um governo no exílio, reconhecido por cinco dezenas de países. Com a saída espanhola
do território, o reino de Marrocos e a Mauritânia ocuparam o Saara Ocidental
invocando direitos históricos, mas a Frente Polisário conseguiu expulsar a
Mauritânia. Dessa forma, o conflito passou a colocar frente a frente o reino de
Marrocos e a Frente Polisário ou, como se diz, Marrocos e a Argélia, que é a grande
aliada da Frente Polisário. Enquanto Marrocos oferece uma ampla autonomia ao
território sob a soberania marroquina, a Frente Polisário reclama a autodeterminação
e a independência do território através de um referendo.
As Nações Unidas
intervieram a partir de 1991 e conseguiram que fosse assinado um cessar-fogo e,
com base na Resolução 690 do Conselho de Segurança, estabeleceram a MINIURSO (Misión de las Naciones Unidas
para el Referéndum del Sáhara Occidental), exactamente para organizar o referendo,
mas passados cerca de 25 anos não o conseguiram. Agora, exilado na cidade
argelina de Tindouf, que é a sede do governo saaráui no exílio, o presidente Mohamed Abdelaziz fala ao El
Watan de Argel para criticar a ineficiência da ONU, denunciar as violações
dos direitos humanos no território ocupado pelos marroquinos e avisar que poderá
voltar a pegar em armas. Muita gente pensa que a questão é uma pequena borbulha
sem importância, mas tem-se visto que certas borbulhas geraram processos
inflamatórios que se transformaram em grandes epidemias.
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