Falta apenas uma
semana para que os britânicos decidam em referendo sobre a sua permanência na
União Europeia e o nervosismo está a tomar conta de muita gente, não só no
Reino Unido, mas um pouco por todo o mundo. Poderá ser o princípio do fim do
sonho europeu, mas é certamente um grande sobressalto e o princípio de uma nova
vida para a Europa.
A decisão de
realizar este referendo é um desafio para a burocracia instalada em Bruxelas e
é uma crítica muito dura à forma, por vezes irresponsável, como a União Europeia tem sido governada. Nas últimas
semanas têm-se discutido os prós e os contras da saída ou da permanência britânica. Hoje
mesmo essa discussão ficou marcada pela tragédia, com o brutal assassinato de
Jo Cox, a deputada trabalhista “que lutava por um mundo melhor” e que entendia
que a permanência do Reino Unido na Europa era um contributo para a paz e para
o progresso.
A situação é
muito complexa. A incerteza é grande. A eventual saída do Reino Unido da União Europeia pode
impulsionar outros movimentos separatistas e aumentar o cepticismo
relativamente à integração e à coesão europeias, sobretudo nos países em que os
partidos eurocépticos são importantes, alguns dos quais já exigiram a realização de referendos semelhantes, como são os casos
da Dinamarca, da França, da Holanda e da Suécia. Depois, a Escócia apelará a
novo referendo para se desligar do Reino Unido, talvez a Catalunha declare
unilateralmente a sua independência, pode acontecer a dissolução do Estado
Belga e a constituição da Valónia e da Flandres. Depois, outros fantasmas acordarão nesta "Europa das pátrias". A caixa de Pandora pode
abrir-se na próxima quinta-feira e, embora não liberte todos os males do mundo,
pode tornar irreversível a desagregação da Europa Unida com que sonharam Konrad
Adenauer, Jean Monnet, Robert Schuman e Paul-Henri Spaak, entre tantos outros.
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