A edição de hoje
do oHeraldo,
o centenário jornal que se publica em Goa e que até 1983 utilizou a língua
portuguesa, destaca na sua primeira página uma entrevista com Edgar Valles, um
advogado português de origem goesa que preside à direcção da Casa de Goa em
Lisboa.
O conteúdo desta
entrevista e a sua colocação na primeira página do jornal devem ser destacadas,
porque os jornais goeses não se costumam interessar por notícias de Portugal,
embora o oHeraldo
seja uma excepção, pois de vez em quando faz uma ou outra referência ao
futebolista Cristiano Ronaldo, às cerimónias de Fátima ou aos resultados da
Liga Portuguesa de Futebol. Na sua
entrevista, Edgar Valles salientou que “os goeses devem compreender que os laços
indo-portugueses não são semelhantes aos laços indo-britânicos”, um facto evidente
que muito poucas vezes é salientado. Além disso, Edgar Valles destacou a modernidade da
língua portuguesa e defendeu que “o português deve ser ensinado a todos os
goeses como a língua dos nossos antepassados, mas também aos indianos que se
instalam em Goa. A ligação dos goeses a Portugal não pode ser apenas para obter
um passaporte português para ir trabalhar para o Reino Unido. O português é a
quarta língua mais falada no mundo e os goeses devem aprender português e
procurar trabalho em Portugal e nos outros países do mundo onde se fala
português”.
Estas declarações
não são novas, mas têm um renovado peso cultural, por terem sido feitas por uma
personalidade goesa que representa uma prestigiada associação de goeses em
Portugal. Naturalmente, a entrevista de Edgar Valles também é um estímulo para
os que se dedicam ao ensino do português em Goa, tanto na Fundação Oriente como
no Instituto Camões.
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