Devido às
pioneiras relações históricas entre os portugueses e os chineses estabelecidas
no século XVI, durante muitos anos vingou em Portugal uma narrativa que
profetizava que, após o retorno de Macau à soberania chinesa que aconteceu em
1999, a nova Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República
Popular da China seria uma ponte comercial e cultural entre os dois países.
Uma ponte tem
dois sentidos, mas passados cerca de 25 anos, parece que Portugal vai
desaproveitando essa ponte e que, inversamente, tem sido a China que a tem
usado para chegar mais rapidamente a Portugal e aos países de língua oficial portuguesa,
não só em África, mas também no Brasil. A China tem relações privilegiadas com
Moçambique desde os tempos coloniais e vem intensificando a sua estratégia de
penetração nos outros países africanos de língua oficial portuguesa, mas a sua
aposta no Brasil parece estar cada vez mais no centro da sua política
internacional.
O jornal hojemacau
que se publica na cidade de Macau, apresenta-nos na sua última edição uma
fotografia dos presidentes do Brasil e da China, que além de estarem juntos nos
BRICS, se encontraram na reunião do G20 realizada no Rio de Janeiro. Essa fotografia, como refere o título do jornal, é uma eloquente mensagem. Após a
reunião do G20, o presidente Lula da Silva recebeu Xi Jinping na capital brasileira com
honras de Estado e, enquanto ambos reiteraram a necessidade de acabar com a
guerra na Ucrânia, de reconhecer um estado palestiniano e de acabar com as
atrocidades israelitas no Médio Oriente, trataram de intensificar as suas
relações económicas, aprofundando a cooperação em muitos outros domínios.
O Brasil é grande
e Portugal é pequeno, mas o facto é que parece que andamos muito distraidos…
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