domingo, 22 de maio de 2011

Os vampiros

No calor da campanha eleitoral em curso, foi denunciado no dia 20 de Maio que, segundo um relatório da CMVM, “há 20 administradores das maiores empresas portuguesas que têm mil cargos de administração em empresas diferentes. Cada um deles tem, em média, 50 empregos”.
Nessa denúncia foi afirmado que “um deles tem 62 empregos e os outros não lhe ficam muito longe”, acrescentando que “o ordenado mais importante que é pago a uma destas pessoas, é de dois milhões e meio de euros”.
Fomos procurar o Relatório Anual sobre o Governo das Sociedades Cotadas em Portugal – 2009 em:
(http://www.cmvm.pt/CMVM/Estudos/Pages/20110519a.aspx).
De facto, no seu Sumário Executivo, é dito que “entre os 426 administradores, pouco menos de um em cada quatro desempenhava funções de administração em apenas uma empresa. Constatou-se, porém, que cerca de 20 administradores acumulavam funções em 30 ou mais empresas distintas, ocupando, em conjunto, mais de 1000 lugares de administração, entre eles os das sociedades cotadas. A acumulação de funções patente nestes números poderá ser um motivo de reflexão para os accionistas destas empresas”.
“Quanto às remunerações dos membros do órgão de administração apurou-se que a remuneração média por administrador, incluindo componentes de remuneração variável com impacto plurianual, foi de EUR 297 mil (EUR 513 mil para os administradores executivos)”.
O relatório é longo e carece de uma leitura atenta, mas é evidente que os privilégios feudais desta pequena tribo de iluminados, destes verdadeiros “vampiros que comem tudo e não deixam nada”, são bem uma herança medieval e um exemplo de obscenidade no contexto da sociedade portuguesa. A CMVM anda bem ao divulgar este relatório, mas eu gostava muito de saber quem são esses 20 administradores que têm mil cargos de administração em empresas diferentes? E já agora, os outros.

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