A revolução árabe chegou à Síria e está a desenvolver-se de uma forma muito violenta. O diário francês Libération alertou para a grave situação síria e lançou um SOS, informando que se combate em Damasco e em outras cidades sírias.
O movimento revolucionário sírio integra-se na chamada “primavera árabe”, que ocorreu na Tunísia, no Egipto, na Líbia e em outros países, embora as peripécias da mudança tivessem sido diferentes em cada um deles. Na maioria dos casos, a mudança fez-se, aparentemente, sem intervenção externa, mas houve excepções. Tal como já tinha acontecido em 2003 no Iraque, onde os Estados Unidos e os seus aliados decidiram derrubar Sadam Hussein, em 2011 as mesmas forças lideradas por franceses e ingleses decidiram derrubar Kadaffi. No caso do Iraque inventaram-se as armas de destruição maciça, no caso da Líbia arranjou-se o pretexto da protecção de civis. Ambos os países são importantes produtores de petróleo e essa circunstância levou à intervenção externa. Porém, as intervenções externas, com ou sem mandato das Nações Unidas, devem visar a separação dos beligerantes e a promoção de negociações, devendo ser acompanhadas por auxílios institucionais, políticos e económicos que criem um ambiente favorável ao entendimento das partes.
No caso da Síria está a chegar-se a uma situação dramática de guerra civil, com repressão muito violenta e mais de cinco mil mortos contabilizados, sem que o contestado presidente Bashar Al-Assad abandone o seu cargo como exige a oposição interna, a Liga Árabe, a União Europeia e os americanos. A União Europeia impôs um embargo ao petróleo sírio, apoiada pelos Estados Unidos, mas a intervenção externa – do tipo Iraque ou Líbia – tem estado bloqueada pelas posições da Rússia e da China, que apoiam e armam o regime sírio. A intervenção externa é urgente, mas terá que ser dirigida a partir das Nações Unidas, numa lógica de negociação, de entendimento e de separação de forças, que harmonize internamente o que for possível. Aquela área é muito perigosa. Altamente perigosa. A habitual lógica dos falcões não tem viabilidade na Síria. Negociação e diplomacia, sim. Guerra civil? Não, obrigado!
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