Os prejuízos dos três maiores bancos privados portugueses – BCP, BES e BPI - atingiram cerca de 1100 milhões de euros, quando em 2010 tinham contabilizado um lucro de 656 milhões de euros e, em 2009, de 922 milhões de euros. Segundo foi explicado, estes resultados negativos foram causados por factores recorrentes, nomeadamente relacionados com a transferência para o Estado de parte do fundo de pensões da banca, com o envolvimento nas dívidas soberanas grega e portuguesa e com as necessidades de recapitalização impostas pela troika.
Porém, se nos abstrairmos daquelas explicações técnicas, a realidade parece ser outra. De facto, facilmente verificamos que os resultados dos bancos reflectem a situação de crise económica do país, com a actividade económica a diminuir e o risco de crédito a aumentar. A concessão de crédito está a diminuir vertiginosamente, o que penaliza os proveitos dos bancos, enquanto o incumprimento está a aumentar, obrigando os bancos a reforçarem as provisões para absorver o crédito malparado.
Curiosamente, ninguém relaciona os prejuízos da banca com o que se viu nos anos mais recentes, caracterizados pela ganância dos banqueiros, por um deslumbramento irrealista dos bancários, pelo desregramento da oferta de crédito e da mensagem publicitária e, ainda, pelo imprudente estímulo ao consumo de tudo, desde a habitação até aos automóveis e às viagens.
No entanto, o nosso primeiro afirmou que os bancos portugueses estão em melhores condições do que a maioria dos bancos europeus e que não há problemas com o sistema financeiro português. Não sabemos se é um optimismo real ou se é apenas um discurso de circunstância para apaziguar os agentes económicos e os depositantes.
O facto é que em 2011 até a banca tremeu.
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