Porto – Cais da Ribeira
Hoje é noite de São João e a cidade do Porto está em festa, sobretudo nas zonas ribeirinhas e, em especial, no Cais da Ribeira.
É exactamente aí, no segundo andar do prédio situado na rua da Lada, nº 24, próximo das Alminhas da Ponte – um baixo relevo em bronze evocativo da tragédia da Ponte das Barcas ocorrido em 29 de Março de 1809 quando do cerco da cidade pelas tropas do Marechal Soult – que, sobre uma parede de azulejo, se encontra uma lápide com a seguinte inscrição:
Nesta casa nasceu em 18 de Maio de 1881 o Comandante Carvalho Araújo,
que morreu no mar em combate na defesa da Pátria, em 14 de Outubro de 1918
Embora nascido no Porto, José Botelho de Carvalho Araújo passou a infância e a adolescência em Vila Real. Em 1895 ingressou na Escola Naval como Aspirante de Marinha, vindo a tomar parte na revolução de 5 de Outubro de 1910. Depois foi deputado à Assembleia Constituinte pelo círculo de Vila Real e foi governador do distrito moçambicano de Inhambane.
No dia 18 de Outubro de 1918 comandava o caça-minas "Augusto de Castilho" no mar dos Açores, escoltando o paquete "S. Miguel" que navegava do Funchal para Ponta Delgada com mais de um milhar de passageiros, quando foi atacado pelo submarino alemão U-139. Com o seu frágil navio enfrentou o poderoso submarino para dar tempo a que o paquete e os seus passageiros se salvassem, mas nesse desigual combate em que cumpriu o seu dever, veio a perder a vida. Este combate constitui um dos mais célebres episódios da participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial.
Hoje, como ex-deputado e ex-governador, o valente Carvalho Araújo não estaria a comandar o caça-minas "S. Miguel" mas, certamente, estaria na Administração da EDP, CGD, PT, GALP, CIMPOR ou coisa assim. São outros os tempos e diferentes as vergonhas. A cidade de Vila Real homenageou o exemplo do Comandante Carvalho Araújo com uma estátua e a Marinha Portuguesa adoptou-o como um dos seus maiores símbolos. Um grande marinheiro!
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