A edição de hoje do jornal madrileno La Gaceta traduz a inquietação que atravessa a Espanha, um país “pasto de las llamas”, mas também um país acossado pelos especuladores financeiros que pressionam os juros da dívida e reclamam um resgate, enquanto a banca e várias comunidades autónomas se vergam ao peso dos credores. A situação é de tal forma complexa que o referido jornal, em vésperas dos Jogos Olímpicos, se refere ao desporto como “a única esperança de Espanha”. Neste inquietante quadro, a entrevista de Felipe González ao jornal El Pais, publicada na edição de 23 de Julho, é um discurso realista ao reconhecer que “a Espanha está a pagar por dez anos de erros baseados numa enorme bolha imobiliária” e ao considerar que Mariano Rajoy tem a obrigação de mobilizar um grande acordo nacional ou de regime para sair da crise. Segundo salientou, os erros resultaram de decisões políticas adoptadas depois de 1998 por José María Aznar, Rodrigo Rato e Mariano Rajoy, que não foram corrigidos pelo governo de Zapatero, que se limitou a “atirar mais gasolina para a fogueira”.
Aqui no rectângulo a evolução não foi muito diferente, mas a nossa hipocrisia cala-se perante os erros do passado, cometidos por sucessivos governos, a começar naturalmente por aquele que foi presidido pelo actual Presidente da República. Passamos pelo pântano e ficamos de tanga. Esquecemos tudo isso. Ávidos de poder e de tacho, os catrogas, os relvas, os borges, os moedas e os nogeiras atiraram-se ao pinto de sousa e imaginaram que o problema estava nas gorduras do Estado e no excesso de institutos públicos. Enganaram-se. Por ignorância ou por má-fé. Não foram competentes, nem responsáveis. Os sinais de ruina do nosso país e uma boa parte do nosso empobrecimento pertencem-lhes.
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