sábado, 4 de agosto de 2012

O uso e o abuso dos cartões de crédito

Nos últimos dias os jornais e as televisões repetiram exaustivamente que, entre 2009 e 2011, oito gestores da INCM - Imprensa Nacional Casa da Moeda gastaram cerca de 27 mil euros em despesas pessoais, utilizando cartões de crédito da empresa. Alguns desses jornais ficaram muito impressionados e escreveram que os “gestores gastaram balúrdio”. O Tribunal de Contas tinha detectado o uso indevido dos cartões de crédito e decidiu que esse dinheiro fosse devolvido, o que já terá sido feito na totalidade. E, aparentemente, ficou tudo certo. Não foi abuso de confiança, nem desonestidade. Foi, simplesmente, uma distracção. Devolve-se e pronto!
Casos como este que ocorreu com os gestores da INCM são, como todos sabemos, muito frequentes e bom seria que o Tribunal de Contas estivesse mais atento ao que se passa nos ministérios, nos organismos e serviços da administração central, nas autarquias e nas empresas públicas. O abuso nas chamadas despesas e no uso do cartão de crédito vulgarizou-se e tem uma dimensão que excede largamente o que se passou na INCM. Uma pequena parte das gorduras do Estado está encoberta pelo despesismo pessoal devido ao uso do cartão de crédito e há que acabar com isso para moralizar a nossa vida pública. Precisamos de bons exemplos.
De vez em quando, chegam-nos algumas notícias que são apenas a ponta de um iceberg que pode ser gigantesco. Quem não se lembra dos abusos dos deputados turistas, dos gestores da Gebalis, do uso indevido de telefones, dos almoços, das viagens, dos hotéis e eu sei lá que mais.  A invenção do dinheiro de plástico (e a correspondente criação de moeda) é uma das causas da crise geral por que passamos e também tem sido um veículo de inqualificáveis abusos praticados por muitos dos que usam esse cartão e que, dessa forma, têm tirado proveito ilícito e lesado impunemente o Estado e o contribuinte.

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