Os graves problemas financeiros do Chipre continuam sem solução e a preocupar a Europa. As necessidades imediatas estão avaliadas em 17 mil milhões de euros e as instituições da troika prometem emprestar 10 mil milhões de euros, se o Chipre conseguir mobilizar recursos próprios da ordem dos 6 mil milhões de euros, de modo a evitar um crescimento exponencial da sua dívida pública. A primeira solução proposta e aceite pela troika foi a aplicação de uma taxa extraordinária sobre os depósitos bancários, o que levou os cipriotas ao desespero e à revolta. Essa intenção constituía também um perigoso precedente para os outros países da Zona Euro e foi reprovada por unanimidade no Parlamento cipriota. Então, o BCE fez um ultimato ao governo cipriota no sentido de encontrar uma outra solução a curtíssimo prazo, que poderá passar pela criação de impostos sobre pensões e imobiliário, pela venda de património e privatizações, por um fundo de solidariedade ou, até, pela emissão de direitos antecipados sobre as importantes reservas de gás natural descobertas nas águas territoriais cipriotas.
Uma sondagem agora divulgada, revela que 91% dos cipriotas apoia a rejeição da taxa extraordinária sobre os depósitos feita pelo Parlamento e 67.3% defendem a saída do euro e o reforço das relações com a Rússia. Dão que pensar estes resultados. No Chipre não há apenas o sufoco financeiro e a quase falência dos dois maiores bancos, mas há a ameaça da saída do euro, o interesse russo pelo gás natural e um panorama geopolítico em mudança, onde a República Turca do Norte de Chipre se quer fazer ouvir. O modelo cipriota ruiu. A feliz ilustração da primeira página do diário alemão Frankfurter Rundschau vale mais do que mil palavras.
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