Na história das navegações marítimas não são as rotineiras viagens que ficam registadas nas suas páginas e que despertam a curiosidade de muitas gerações mas, pelo contrário, o que fica registado na memória das pessoas ou no imaginário colectivo das comunidades é o dramatismo dos acidentes marítimos, das peripécias das batalhas navais e dos grandes naufrágios, onde se perdem pessoas e bens.
Por isso, o Comandante Rodrigues Pereira decidiu reunir algumas das mais dolorosas perdas acontecidas à navegação portuguesa ao longo dos séculos, com especial destaque para os relatos da História-Trágico Marítima, mas onde inclui também os desastres marítimos ocorridos mais recentemente, como é o caso do navio-motor Save, da traineira Praia da Atalaia e do pesqueiro Bolama. É um trabalho que faltava e que preenche uma lacuna na historiografia marítima, mas que também abre perspectivas para outras apreciações deste tema.
Na análise que é feita, verifica-se que a generalidade dos naufrágios resultou de falhas humanas, quer no planeamento quer na condução das viagens, mas também de condições meteorológicas severas ou de batalhas navais. Grandes Naufrágios Portugueses (1194-1991) é um livro muito interessante e de boa leitura, com um bem elaborado glossário para ajudar os leitores menos habituados à terminologia náutica. Ao ler as seis dezenas de relatos e o capítulo dedicado aos “cemitérios de navios”, somos levados directamente ao Mar Português, um dos mais citados poemas da Mensagem de Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!
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