Apesar do
seu tom conciliador e do reconhecimento da legitimidade das reivindicações populares
por melhor qualidade de vida, melhor saúde e mais educação, o discurso da
presidente Dilma Rousseff não travou o enorme protesto popular e o Brasil
continua a sair à rua para se manifestar. A juventude está na
primeira linha da indignação nacional porque não se sente representada nos
partidos políticos, enquanto a classe média já percebeu que o seu poder de
compra estagnou ou regrediu. É um fenómeno que não é só brasileiro e que também acontece aqui pela Europa, sobretudo nos países do sul.
O enorme potencial económico brasileiro tem estado
a ser canalizado para benefício de uma minoria e poucos acreditam na classe
dirigente brasileira para inverter a situação. Agora o povo exige uma mudança.
Todos denunciam a escandalosa corrupção, que torna os ricos cada vez mais ricos
e os pobres cada vez mais pobres. Todos criticam o desregramento dos gastos públicos,
agora evidenciado com os custos e os extra-custos dos estádios de futebol.
Todos exigem mais investimento na saúde, na educação e no estado social, isto é,
menos bola e mais escola. A amplitude dos protestos surpreendeu e ninguém
imaginou que a luta contra o aumento dos bilhetes do transporte público pudesse
gerar uma tão generalizada contestação, até porque foi uma situação aparentemente
de menor importância que serviu de detonador. É sempre assim. Porém, a insatisfação da juventude
e da classe média brasileiras exprimiu-se genuinamente, tem o apoio de mais de 75% da população e isso significa que o
Brasil não vai voltar a ser o que era. O país mexeu e, com determinação, já
mudou. Os brasileiros não vão perder esta oportunidade para conquistarem
direitos sociais. Tudo vai correr bem!
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