Há cerca de dois
anos e porque queria ganhar as eleições, o nosso primeiro tratou de fazer afirmações
que agora se vê terem sido manipuladoras ou falsas, para além de ter feito muitas
promessas que não tem cumprido. É o costume das campanhas eleitorais, mas desta
vez, na ânsia de acusar os vícios e os desmandos do anterior governo, foi um
exagero.
Disse ele: “[Quero] deixar claro que os membros do
Governo não podem recrutar ilimitadamente uma espécie de administração paralela
nos seus gabinetes”. E disse mais: “Um
membro do Governo tem direito a escolher um chefe de gabinete, uma ou duas
secretárias de confiança, um ou dois adjuntos. Acabou”.
Passaram-se dois
anos e o Diário de Notícias estudou
o assunto, revelando que o actual Governo já nomeou 4463 pessoas: 1027 para
gabinetes ministeriais, 1617 para cargos dirigentes e 1819 para grupos de
trabalho e outros. O próprio primeiro-ministro nomeou para o seu gabinete 62
pessoas, muitas delas com elevadas remunerações. Para quem tanto criticou, aqui
temos um caso de manipulação e de mentira, de favorecimento de boys e de despesismo, em tempo de
austeridade, de recessão e de desemprego para os outros. Um mau exemplo. Em
quase dois anos são 73 nomeações por gabinete, enquanto o anterior governo se
ficara pelas 54 nomeações por gabinete.
Vale a pena ler a
reportagem do Diário de Notícias para
termos mais uma dimensão desta triste comédia política que tomou conta de nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário