domingo, 2 de junho de 2013

O discurso mentiroso e os 'boys'



Há cerca de dois anos e porque queria ganhar as eleições, o nosso primeiro tratou de fazer afirmações que agora se vê terem sido manipuladoras ou falsas, para além de ter feito muitas promessas que não tem cumprido. É o costume das campanhas eleitorais, mas desta vez, na ânsia de acusar os vícios e os desmandos do anterior governo, foi um exagero.
Disse ele: “[Quero] deixar claro que os membros do Governo não podem recrutar ilimitadamente uma espécie de administração paralela nos seus gabinetes”. E disse mais: “Um membro do Governo tem direito a escolher um chefe de gabinete, uma ou duas secretárias de confiança, um ou dois adjuntos. Acabou”.
Passaram-se dois anos e o Diário de Notícias estudou o assunto, revelando que o actual Governo já nomeou 4463 pessoas: 1027 para gabinetes ministeriais, 1617 para cargos dirigentes e 1819 para grupos de trabalho e outros. O próprio primeiro-ministro nomeou para o seu gabinete 62 pessoas, muitas delas com elevadas remunerações. Para quem tanto criticou, aqui temos um caso de manipulação e de mentira, de favorecimento de boys e de despesismo, em tempo de austeridade, de recessão e de desemprego para os outros. Um mau exemplo. Em quase dois anos são 73 nomeações por gabinete, enquanto o anterior governo se ficara pelas 54 nomeações por gabinete.
Vale a pena ler a reportagem do Diário de Notícias para termos mais uma dimensão desta triste comédia política que tomou conta de nós.

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