O canal no dia 11 de Setembro de 2014 |
Não se
trata de um exercício de literatura, nem de uma evocação de Vitorino Nemésio.
Este meu “mau tempo no canal” é apenas uma realidade meteorológica sobre o
estado do mar no canal do Faial e da sua desproporcionada fúria nestes dias do
mês de Setembro, antes do equinócio e, portanto, ainda no Verão. Não é habitual
nesta época do ano, mas acontece, impressiona e impõe respeito.
De
resto, entre os mais característicos e belos aspectos da ilha do Pico, para
além da imponência da montanha, das pequenas baias orladas de rocha de lava,
dos seus vinhedos brotando da lava que a UNESCO classificou como património
mundial, da sua singular arquitectura rural, das verdejantes pastagens e das
suas múltiplas manifestações culturais religiosas e profanas, estão sempre “a ilha em
frente” e o mar envolvente. A ilha em frente, seja o Faial ou São Jorge, dá um
enquadramento paisagístico singular à ilha do Pico que já Raúl Brandão anotou
há quase um século, mas é o mar e os seus mistérios que conferem identidade à
ilha.
Nestes dias de Setembro o mar enfureceu-se a lembrar aos turistas
estivais a beleza do mar em fúria, mas a lembrar também a dureza da vida
daqueles que dele dependem. A serenidade do mar é sempre desejável para quem
dele vive ou desfruta, mas sem estes temporais a ilha do Pico não seria a mesma
coisa.
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