A Escócia
decidiu. Apesar das paixões que despertou, o referendo decorreu com normalidade,
tendo votado cerca de 86% dos quase 4,3 milhões de eleitores inscritos que, com
55,3% dos votos, deram a vitória ao não
à independência. A derrota dos que queriam a independência da Escócia foi
expressiva e o sim ganhou apenas em 4
das 32 circunscrições eleitorais, embora tivesse ganho nas grandes cidades de
Glasgow e Dundee. O líder independentista e primeiro-ministro escocês Alex
Salmond deu uma notável lição de democracia ao reconhecer de imediato a sua derrota
e ao anunciar que deixaria o seu cargo brevemente. O Reino Unido e a União
Europeia respiraram de alívio, pois nem Londres nem Bruxelas estavam preparadas
para a independência da Escócia, nem para os problemas que esse divórcio ia
levantar.
Porém, o referendo escocês interessou muito especialmente outras
regiões europeias onde se manifestam movimentos nacionalistas ou separatistas,
como sucede na Catalunha, País Basco, Córsega, Bretanha, Flandres, Valónia,
Padânia e outras regiões europeias. Ao contrário do que se possa pensar, o
exemplo escocês não irá arrefecer esses movimentos, antes os vai incitar a
redefinir estratégias de actuação. De facto, cada um desses movimentos tem características
diferentes e não será o insucesso do caso escocês que os vai enfraquecer ou fazer
desistir dos seus objectivos.
Entre nós, houve meia dúzia de figurões que, com
o desbocado cacique madeirense à cabeça, se entusiasmaram com o processo escocês e, para
disfarçar os seus fracassos políticos e os seus complexos culturais, voltaram a agitar o fantasma da
independência das ilhas.
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