Jeroen
Dijsselbloem e Yanis Varoufakis encontraram-se ontem em Atenas. O primeiro é o
ministro das Finanças dos Países Baixos e presidente do Eurogrupo e o segundo é
o ministro das Finanças da Grécia. Ao contrário do que sucedeu na reunião entre
Alexis Tsipras e Martin Schulz em que este, de acordo com a imprensa, gostou do
que ouviu e saiu optimista do encontro, manifestando agrado com a intenção
grega de dar prioridade ao combate à emergência e à injustiça sociais e à evasão
fiscal, os senhores Dijsselbloem e Varoufakis estiveram demasiado tensos na
conferência de imprensa final, quase nem se cumprimentaram e, cada um ao seu
modo, mostrou que não estava politicamente preparado para aquele número. É caso
para dizer que as conversas entre a União Europeia e a Grécia começaram mal e
que esse facto não augura nada de bom.
Dijsselbloem e Varoufakis não estiveram
bem. Não foi um encontro. Foi um desencontro. Não é assim que se negoceia ou se
abrem as portas para negociar. Jeroen Dijsselbloem portou-se como um cobrador
de fraque e repetiu o discurso obcessivo, intransigente e humilhante que os
gregos tinham acabado de rejeitar nas urnas. A outra parte não gostou.
Varoufakis esqueceu a sua condição de devedor e, animado pela recente vitória
eleitoral, mostrou alguma sobranceria e repetiu o discurso anti-austeridade e
anti-troika. A outra parte não gostou.
O assunto é
demasiado complexo e demasiado importante para o futuro da Europa e, por isso,
a maioria dos líderes europeus mostra-se muito cautelosa nas suas declarações,
embora haja algumas excepções. Uma dessas excepções acontece em Portugal. É um Portugal radical! É
lamentável a obcessão de quem, ao fim de quase quatro anos, não só não conseguiu
suster a nossa dívida externa e criou um problema social muito grave, como agora se
mostra “mais papista do que o Papa” e se coloca ao lado dos falcões e da
ganância dos mercados, revelando uma absoluta insensibilidade em relação à
tragédia social grega.
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