Eram cerca de 17:15
horas quando a soberana Assembleia da República, reunida para discutir o
programa do XX Governo Constitucional, aprovou uma moção de rejeição por 123
votos favoráveis e 107 votos contra, o que implicou a sua demissão,
apenas 11 dias depois de ter tomado posse. O governo caiu
porque deixou de ter uma maioria parlamentar para o suportar. Caíu por terra a
sua repetida invocação de autoridade democrática e a sua arrogância traduzida
num quase direito natural a governar. Caíu aquela atrevida ideia do arco da
governação que tanto ajudou o portismo. A realidade é tão simples como isto. As repetidas manipulações e
argumentos apresentados sobre quem ganhou ou quem perdeu as eleições, não
passam de retórica e de propaganda, da qual já todos estamos fartos. A competência, a seriedade e a sensibilidade social não terão sido os seus atributos de governo e, por isso, perderam quase um milhão de votos nas eleições de 4 de Outubro. Os
resultados dos seus quatro anos de governo falam por si: o país regrediu, está
mais pobre, mais desertificado e mais dependente dos diktats alemães e da burocracia de Bruxelas.
Estes governantes
precisavam de descansar depois de quatro anos em que nos massacraram de austeridade, com muitas viagens, muita
demagogia e muita subserviência à Europa. Foram-se o Gaspar e o Relvas. Ficaram o
Passos que tanto elogiou Dias Loureiro e que chamou piegas aos portugueses, mais
a Albuquerque que nos disse estarem os cofres cheios, mais o tracinho Branco que
nunca esclareceu aquela venda dos estaleiros e, sobretudo, ficou aquele irrevogável que eleitoralmente
nada vale, mas que se passeou pelo mundo à custa dos meus impostos.
Agora são
tempos novos. A democracia está a funcionar. A Constituição da República está viva. Algumas das velhas
convenções com mais de quarenta anos, que excluiam uma boa parte dos deputados (e
muitos milhares de eleitores) do diálogo parlamentar também cairam. O país político alargou-se e está mais plural. Precisávamos de
respirar e de mudar.
E o futuro? O futuro a Deus pertence!
Não só a Deus. Pertence a todos nós, a cada um de nós, no nosso metro quadrado.
ResponderEliminarEra desejável que nos soubéssemos unir à volta dos verdadeiros interesses do país, que é como quem diz do povo em geral, principalmente dos mais débeis, em vez de uns quantos senhores privilegiados se entreterem a degladiarem-se uns aos outros, procurando protagonismo e poder.
Utopia? Talvez, mas desejável.