A França
comoveu-se quando o Presidente Emmanuel Macron prestou homenagem ao
tenente-coronel Arnaud Beltrame, que foi morto por um extremista islâmico
depois de se ter voluntariado para substituir uma refém que aquele retinha sob
ameaça num supermercado de Trèbes, no sul de França.
Vários factores
convergiram para que a França se comovesse, mas um deles terá sido a surpresa
com que assistiu a um acto de coragem protagonizado por alguém que, certamente,
havia jurado defender a comunidade “mesmo com o sacrifício da própria vida”. Essa
ideia de defender a pátria ou de defender a comunidade parece cada vez mais uma
coisa do passado porque, tanto os soldados como os polícias, se tornaram
funcionários, provavelmente com mais deveres e menos direitos do que os outros
funcionários. A generalidade dos políticos também se tornaram funcionários e não
lutam por causas nem por valores, mas apenas por interesses, mas o mesmo
acontece com muitas outras profissões que deveriam servir o interesse público.
Os tempos e as
escalas de valores estão a mudar muito rapidamente por toda a parte e o egoismo
está a dominar as sociedades, prevalecendo o interesse pessoal ou de grupo
sobre o interesse colectivo, como bem se vê nas desigualdades que existem entre
os homens e entre as nações. Em muitos aspectos, parece que o mundo já está dominado
mais pelo capital tecnológico e pela robótica, do que pela sensibilidade e pela inteligência
humanas. É por isso que a corajosa acção do tenente-coronel Arnaud Beltrame
surpreendeu e comoveu a França.
A comoção dos
franceses extravou as suas fronteiras e sensibilizou alguma imprensa mundial
que também ficou surpreendida com este gesto cada vez mais singular de alguém
que leva até ao fim o seu juramento de defender a comunidade “mesmo com o
sacrifício da própria vida”. The Wall Street Journal foi apenas
um dos jornais internacionais que publicou a fotografia do presidente francês junto
da urna do malogrado oficial.
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