A questão da Catalunha, a região autónoma espanhola em que metade da
população quer ser independente e a outra metade não quer, teve ontem mais um
episódio relevante, quando Carles Puigdemont foi detido pela polícia alemã na
sequência de um pedido das autoridades judiciais espanholas.
Não se sabe se Puigdemont se distraiu ou se quis ser detido, nem se
vislumbra se quer ser um líder no exílio ou um mártir na Catalunha, mas o facto
é que os independentistas catalães vieram para a rua protestar e que esta
detenção fez reanimar a contestação às instituições espanholas e a conflitualidade
nas ruas das cidades catalãs, onde de imediato houve confrontos e se
verificaram alguns feridos.
A Espanha é um estado soberano cuja Constituição diz, no seu artigo 2º, que
“la Constitución se fundamenta en la indisoluble unidad de la Nación española,
patria común e indivisible de todos los españoles, y reconoce y garantiza el
derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que la integran y la
solidaridad entre todas ellas”. O que acontece é que, segundo o Tribunal
Constitucional, Carles Puigdemont e alguns outros dirigentes independentistas
catalães têm atentado contra a unidade da Espanha e, por isso, afrontam a lei
constitucional e estão detidos ou têm sobre eles mandados de detenção.
Albert Rivera, o fundador e presidente do Ciudadanos – Partido de la
Ciudadania, que é o maior partido da Catalunha, comentou a detenção de
Puigdemont e disse que “se acabó la fuga del golpista”. De facto, a forma como
tem sido conduzida a luta pela independência da Catalunha tem sido desastrada
e, muitas vezes, tem tido contornos de golpe com que o orgulhoso poder
centralista de Madrid não pactua.
O problema da Catalunha continua, portanto, bem vivo, embora os catalães
comecem a estar cansados desta história. A História, porém, ensina-nos que quando
os líderes de uma ideia ou de um movimento político vão para a prisão, as suas
teses acabam por se impor no futuro.
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