O Brasil está a
atravessar um tempo difícil, não só pelos efeitos da pandemia do covid-19, mas também pelas perturbações
políticas dos últimos tempos, devido às declarações imprudentes e incompetentes
de Jair Bolsonaro e às demasiadas fissuras que fragilizam o seu aparelho de
poder.
Aconteceu agora
que o ex-deputado federal Jair Bolsonaro, que é o actual presidente do Brasil, e
o ex-juiz federal Sérgio Moro, que vinha desempenhando as funções de ministro da
Justiça, se zangaram e fizeram mútuas acusações, daí resultando a demissão do
ministro que era considerado o mais bolsonarista dos ministros brasileiros. As
divergências e as tensões foram-se acumulando, mas parece que a gota de água
que fez transbordar o copo foi a acusação que o Moro fez ao Jair, segundo a
qual ele estava a querer interferir no processo em que um seu filho está sob
investigação na Polícia Federal. O Jair não gostou dessa acusação e tratou de
dizer que o Moro era demasiado ambicioso e que queria garantir um lugar no
Supremo Tribunal Federal, que é um lugar de escolha presidencial. Não se sabe
qual deles está a mentir mais ou qual deles está a jogar mais no seu próprio futuro
político, mas uma sondagem revela que nesta polémica há 65% de brasileiros que
acredita em Moro, enquanto 35% estão com o Jair.
Depois da
demissão do popular ministro Luiz Henrique Mandetta, a demissão de Sérgio Moro que
surgiu com gravíssimas acusações ao Jair, vem abrir uma crise governamental no
Brasil, porque “quando se zangam as comadres, descobrem-se as verdades” e é
isso que está a acontecer. Em tempos de pandemia e quando o número de óbitos
continua a aumentar, os caminhos trilhados pela política brasileira são
preocupantes e parecem mostrar que há “uma mão invisível” que a todos tritura, ou
que os arquitectos que desenharam os processos contra Lula da Silva e,
sobretudo, contra Dilma Rousseff, estão agora a “beber do seu próprio veneno”.
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