Com uma ilustração
elucidativa dos difíceis tempos que correm, o jornal Público assinala na sua
edição de hoje o 46º aniversário do 25 de Abril de 1974, em que não haverá
lugar para os tradicionais festejos populares, nem para os desfiles com cravos
na mão.
O 25 de Abril é
uma data histórica que marca o regresso do nosso país à Liberdade e à
Democracia, depois de muitos anos de autoritarismo, de repressão e de
perseguição política, mas também de obscurantismo, de isolamento internacional
e de guerra. Apesar de todas as dificuldades e contradições deste percurso
colectivo de 46 anos, qualquer balanço que se faça conduz-nos sempre à
conclusão que valeu a pena a mudança e que “as portas que Abril abriu”, na
expressão poética de José Carlos Ary dos Santos, nos conduziram a um novo
patamar civilizacional em que a integração europeia, o reconhecimento
internacional, a afirmação dos novos países de expressão portuguesa e a
prosperidade económica e social da população são alguns dos traços mais
marcantes do Portugal de Abril.
O fim da guerra
colonial e as transformações económicas e sociais que se sucederam ao 25 de
Abril e que modernizaram o país, sobretudo nos domínios da educação, da saúde e
das infraestruturas, são relevantes activos da comunidade nacional. Num quadro
de recursos escassos e de necessidades ilimitadas, mas também de alguns erros e
de algumas opções erradas, não tem sido possível satisfazer todas as aspirações
de todos os portugueses, nem erradicar alguns dos vícios endémicos da nossa
sociedade, nem assegurar que ninguém fique para trás na nossa caminhada. No
entanto, nada do que esteja por fazer, diminui a importância histórica e
emocional do “dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do
silêncio”, como Sophia de Mello Breyner chamou ao dia 25 de Abril de 1974.
Por tudo o que
nos deu, o 25 de Abril é uma efeméride que tem que ser celebrada pelos que defendem os valores da Liberdade e da Democracia, pelo menos da forma singela como hoje é sugerida
pela capa do jornal Público.
Neste dia, ao abrir a janela logo pela manhãzinha, o cheiro a Abril qual lufada de ar fresco por ela entrou, trazendo no seu seio quantas recordações de há 46 anos atrás...
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