As declarações de
Emmanuel Macron na “Conférence de Soutien à l’Ukranie” que se realizou em Paris
na passada segunda-feira foram muito criticadas e alguns comentadores
declararam que o presidente da França foi longe demais.
Depois de dois
anos de guerra na Ucrânia e de tanta destruição, parece evidente que é necessário
parar e negociar. Não há alternativa. A Europa está farta de ver imagens da
brutal tragédia e de ouvir falar de mísseis e de drones, de Leopards e de F16.
Ao sugerir o
envolvimento de tropas da NATO na Ucrânia, o presidente Macron mostrou que não
conhece o pensamento dos europeus, revelando um perigoso grau de ambição
pessoal e de irresponsabilidade. Se isso viesse a acontecer, seria o início de
uma guerra de proporções inimagináveis. A derrota da Rússia, que Macron e
outros líderes desejam, deve ser procurada à mesa das negociações e não pela
via das armas.
A Polónia
acompanha com redobrada atenção a situação ucraniana, que é demasiado complexa
em vários sentidos, mas a solidariedade europeia também é complexa, como revela
a edição de hoje do jornal polaco Gazeta Wyborcza, que se publica em
Varsóvia. Enquanto anuncia em primeira página que “a França não descarta a intervenção
da NATO na Ucrânia”, o principal destaque da edição é o protesto dos
agricultores polacos que bloquearam estradas e passagens fronteiriças, tendo realizado
“a maior manifestação de sempre” no centro de Varsóvia, para exigir ser
protegidos da concorrência desleal. O protesto polaco é, sobretudo, contra a
importação intensiva de cereais ucranianos no espaço comunitário, que a União Europeia
isentou de taxas alfandegárias devido à invasão russa.
E aqui está como
a Polónia, que historicamente sempre foi ameaçada pela Alemanha e pela Rússia, vê
com simpatia a eventual presença da NATO na Ucrânia, mas não vê com bons olhos a
solidariedade europeia para com a Ucrânia.