quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Efeitos colaterais da guerra na Ucrânia

As declarações de Emmanuel Macron na “Conférence de Soutien à l’Ukranie” que se realizou em Paris na passada segunda-feira foram muito criticadas e alguns comentadores declararam que o presidente da França foi longe demais.
Depois de dois anos de guerra na Ucrânia e de tanta destruição, parece evidente que é necessário parar e negociar. Não há alternativa. A Europa está farta de ver imagens da brutal tragédia e de ouvir falar de mísseis e de drones, de Leopards e de F16.
Ao sugerir o envolvimento de tropas da NATO na Ucrânia, o presidente Macron mostrou que não conhece o pensamento dos europeus, revelando um perigoso grau de ambição pessoal e de irresponsabilidade. Se isso viesse a acontecer, seria o início de uma guerra de proporções inimagináveis. A derrota da Rússia, que Macron e outros líderes desejam, deve ser procurada à mesa das negociações e não pela via das armas.
A Polónia acompanha com redobrada atenção a situação ucraniana, que é demasiado complexa em vários sentidos, mas a solidariedade europeia também é complexa, como revela a edição de hoje do jornal polaco Gazeta Wyborcza, que se publica em Varsóvia. Enquanto anuncia em primeira página que “a França não descarta a intervenção da NATO na Ucrânia”, o principal destaque da edição é o protesto dos agricultores polacos que bloquearam estradas e passagens fronteiriças, tendo realizado “a maior manifestação de sempre” no centro de Varsóvia, para exigir ser protegidos da concorrência desleal. O protesto polaco é, sobretudo, contra a importação intensiva de cereais ucranianos no espaço comunitário, que a União Europeia isentou de taxas alfandegárias devido à invasão russa.
E aqui está como a Polónia, que historicamente sempre foi ameaçada pela Alemanha e pela Rússia, vê com simpatia a eventual presença da NATO na Ucrânia, mas não vê com bons olhos a solidariedade europeia para com a Ucrânia.

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