Ontem foi um dia
importante na política portuguesa porque, depois de 55 anos de avanços e de recuos, de estudos e de mais estudos, de pressões e de hesitações, foi finalmente
anunciada a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa. Após tantos anos e tantos
primeiros-ministros, foi um improvável Luís Montenegro que, com apenas 32 dias
de governo, assumiu essa decisão, devendo salientar-se que teve o apoio das
forças políticas mais representativas, o que é um bom sinal de cooperação
interpartidária face ao interesse nacional, o que raramente tem acontecido em
Portugal. O jornal Público, como nenhum outro jornal português, destacou essa
importante notícia na sua edição de hoje.
O reconhecimento
da necessidade de um novo aeroporto de Lisboa nasceu durante a chamada “primavera
marcelista”, através do Decreto-lei 48.902, de 8 de março de 1969, que criou no
Ministério das Comunicações, o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa, com
personalidade jurídica e autonomia administrativa, com a missão de “empreender,
promover e coordenar toda a actividade relacionada com a construção do novo
Aeroporto de Lisboa”. Esse documento foi assinado por Marcello Caetano e foi
promulgado pelo presidente Américo Deus Rodrigues Thomaz, mas ninguém esperava
que fosse preciso mais de meio século para escolher o local.
Havia
inicialmente quatro possíveis localizações, respectivamente na Fonte da Telha,
no Montijo, no Porto Alto e em Rio Frio. Depois apareceu a hipótese de
Alcochete, em finais da década de setenta surgiu a hipótese Ota e, mais tarde,
as soluções Samora Correia e Santarém. Os interesses eram conflituantes e as
pressões dos ambientalistas e dos municípios eram enormes, mas a decisão foi sempre adiada. Nem Mário Soares nem Cavaco, nem Guterres ou Barroso, Sócrates, Coelho ou Costa, tomaram uma decisão. O novo aeroporto de Lisboa já entrara no anedotário nacional.
Não faltaram estudos
e ponderações e, por isso, saúda-se que, finalmente, tenha havido uma decisão. Parece que é desta que vamos ter o novo Aeroporto de Lisboa e que vai chamar-se Luís de Camões!
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