Os acontecimentos
na Catalunha têm-se sucedido com enorme rapidez, sobretudo depois do dia 1 de
Outubro, com avanços e recuos a fazerem lembrar-nos o Verão Quente de 1975 em
Portugal.
O referendo
realizado nesse dia foi um acto meramente simbólico e sem credibilidade, mas
efectuou-se apesar das tentativas da polícia para o bloquear. O governo da
Catalunha tratou de anunciar vitória e acusou a polícia nacional de acções
desproporcionadas e violentas de que resultaram muitas centenas de feridos, mas
esses anúncios não passaram de acções de propaganda. Entretanto, as forças
apoiantes da unidade da Espanha reagiram e vieram para as ruas de Barcelona
numa grande manifestação, comparável às que tinham apoiado a realização do referendo
e a independência da Catalunha. A Catalunha ficou mais dividida. Os defensores
da unidade da Espanha ganharam um novo fôlego, enquanto os independentistas
perderam uma parte do seu fulgor. Ao mesmo tempo surgiram os anúncios da
retirada da Catalunha das sedes de muitas empresas, enquanto chegavam de
diversas capitais europeias muitos avisos de que a independência da Catalunha
significaria a saída da União Europeia. A ideologia começou a ceder à economia e alguns jornais começaram a falar em
caos, como sucede hoje com El País. O cerco às teses de Carles
Puigdemont e Oriol Junqueras acentuou-se, interna e internacionalmente. O seu
aventureirismo e os seus saltos no escuro foram desmascarados. O recuo parecia
ser a atitude mais sensata e mais prudente para evitar o agravamento da crise
económica e social que já se anuncia na Catalunha, mas havia o compromisso de
declarar a DUI (Declaração Unilateral de Independência).
Ontem, Carles
Puigdemont falou no Parlamento da Catalunha e não foi capaz de desenrolar o
novelo em que se envolveu. Acusou o governo de Mariano Rajoy, vitimizou-se e
não deixou claro se declarou ou não a independência, voltando a pedir uma
mediação internacional para negociar, embora saiba que o governo espanhol a
rejeita. Os seus apoiantes independentistas da CUP ficaram decepcionados e ameaçam abandoná-lo.
O seu recuo para ganhar tempo mostra que já foi engolido pelos
acontecimentos. Esta manhã o governo espanhol encostou-o à parede e
perguntou-lhe se declarou ou não a independência da Catalunha. Puigdemont ficou encurralado "entre a espada e a parede", vai ser "preso por ter cão e preso por não o ter" e vai ter um triste fim político.
Como aqui
escrevemos no dia 29 de Setembro, o futuro da Catalunha terá de ser conduzido por
gente mais capaz que os Puigdemont e os Oriol Junqueras, que já perderam esta
batalha pela independência da Catalunha.
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