Em 18548 o
cidadão Benjamin Russell exibiu na cidade de New Bedford uma grande pintura
feita para um inovador espectáculo que circulava de cidade em cidade e que
contava a história da baleação e dos baleeiros. Era um tela com 2,5 metros de altura por
388 metros
de comprimento, que era estendida nas paredes interiores de um edifício
circular para ser vista pelo público sentado na sala, enquanto girava muito
devagar. A apresentação durava duas horas, era companhada musicalmente e tinha
uma narração. Estas apresentações eram conhecidas por panoramas e foram
verdadeiros precursores do cinema e das experiências tridimensionais.
A tela de
Benjamin Russell chamava-se o Grande
Panorama de uma Viagem de Baleeiro à Volta do Mundo e mostra um veleiro a
sair de New Bedford, a atravessar o Atlântico e a visitar quatro ilhas do grupo
central dos Açores (Faial, Pico, S. Jorge e Graciosa), onde os americanos
recrutavam pessoal para integrar as suas tripulações e de que resultou a transformação
de New Bedford num dos principais polos de atracção da emigração açoriana para
os Estados Unidos. A história contada naquele panorama prossegue depois por Cabo Verde, pelo Brasil e pelas
estações baleeiras do Índico e do Pacífico Sul, contando muitas histórias que
mostravam o desconhecido e o exótico. Foi um grande sucesso e foi exibido
durante muitos anos, a última das quais em 1969.
Desde 1918 que
este panorama está no New Bedford
Whaling Museum, onde é um dos destaques da sua exposição permanente, até porque
é provavelmente a maior pintura original do mundo. Porém, a enorme tela sofreu
ao longo do tempo o natural desgaste das viagens, quase sempre de comboio, bem
como os efeitos de cerca de 120 anos a ser enrolada e desenrolada. Assim, foi
agora restaurada e digitalizada, o que vai permitir a sua apreciação e o seu
“regresso à estrada”, como aconteceu desde meados do século XIX, se assim for
entendido.
A edição de hoje
do Diário
de Notícias conta toda a história deste panorama e reproduz o trecho da tela que retrata as ilhas do Faial
e do Pico. São ilustrações tão simbólicas que não tardará que o Governo
Regional dos Açores venha a adquirir uma cópia desse trecho para enriquecer o
Museu do Pico e, em especial, a sua extensão nas
Lajes do Pico que é o Museu dos Baleeiros.
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