A operação
montada pelos serviços secretos americanos em torno da ajuda humanitária à
Venezuela nas fronteiras do Brasil e da Colômbia, chamou a atenção do mundo
para a crise venezuelana, mas também mostrou como se encenam situações para fins
políticos. Apesar do apoio mediático que teve, nomeadamente através da
televisão portuguesa, a operação não atingiu os seus objectivos, porque nem a
ajuda humanitária entrou no país, nem os militares desertaram em massa como
alguns esperariam.
O regime de
Maduro é mau, conduziu a uma grave crise económica e dele já fugiram dois ou
três milhões de venezuelanos, mas parece que ainda tem muito apoio interno e
que não está tão isolado internacionalmente como parecia. Se há duas venezuelas
em termos políticos, seria bom que a imprensa mostrasse não só os que apoiam
Guaidó, mas também os que continuam a apoiar Maduro. Além disso, é necessário
que sejam os venezuelanos a resolver o problema e que seja estimulado o diálogo
entre as partes. Como dizia Guaidó, e bem, é preciso lutar com inteligência e não é isso que têm feito os americanos que lideram a frente anti-Maduro, ao mesmo tempo que apoiam outros ditadores noutras regiões do mundo.
Ontem reuniu o Grupo
de Lima e dez dos seus 14 membros, embora tivessem condenado a ditadura de
Maduro, rejeitaram o cenário de qualquer intervenção armada externa e reiteraram que a saída
para a crise deverá ser pacífica e pela via diplomática. Ao mesmo tempo, os
Estados Unidos levaram às Nações Unidas a sua pretensão para usar a força na
Venezuela, mas foram contrariados pela França, Rússia, China, Perú e República
Dominicana. A Venezuela reagiu e pediu ao Conselho de Segurança que aprove uma
resolução condenando o eventual uso da força por parte dos Estados Unidos e de
outros países, porque acredita que alguma coisa está a ser preparada, mesmo sem
o apoio do Grupo de Lima e do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O jornal venezuelano Últimas Noticias dá conta do que se está a passar nas Nações Unidas e denuncia a obcecação americana contra a Venezuela de Maduro.
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