domingo, 6 de novembro de 2022

Desnorte e populismo de Sacavém à Trofa

Anteontem e ontem o país assistiu pela televisão a situações de desnorte e de puro populismo interpretadas pelo Supremo Magistrado da Nação, que me surpreendem e apoquentam.
A primeira aconteceu em Sacavém na passada sexta-feira. Na sessão de encerramento da Web Summit, lá esteve Marcelo Rebelo de Sousa a dar espectáculo como tanto gosta, ao comportar-se como um bom entertainer. Convidado para ir ao palco por Paddy Cosgrave, o organizador do evento, entrou como se fosse um show star, chamando a atenção do auditório com um aperto de mão despropositado e intimista ao surpreendido Cosgrave, como se fosse um velho amigo dos tempos do liceu e sem a dignidade que a sua função presidencial lhe exige, como mostra a fotografia publicada no Dinheiro Vivo, o suplemento económico do Diário de Notícias. Além disso, decidiu exibir-se perante o auditório, enunciando as orientações estratégicas que competem em exclusivo ao governo e cuja fiscalização deve ser feita pela Assembleia da República.
Poucas horas depois, Marcelo Rebelo de Sousa estava na Trofa para inaugurar o novo edifício dos Paços do Concelho e, aparentemente, usou essa cerimónia para promover o líder do partido a que já presidiu que, antes de tempo, ali estava num lugar de destaque. O seu discurso foi uma invulgar página de populismo, ao dirigir-se à ministra que estava presente em nome do governo, com a ameaça de estar “muito atento” à execução dos fundos europeus e não lhe perdoar uma eventual falha, quando tudo isso está fora das funções presidenciais. Foi um despropósito, um acto de populismo barato e até uma ofensa. A ministra Ana Abrunhosa, que é uma prestigiada académica da Universidade de Coimbra, riu-se. Fez bem. Há certos dichotes que não merecem resposta.
Marcelo Rebelo de Sousa foi muito infeliz, tanto em Sacavém como na Trofa e, como ele próprio disse, “há dias bons e dias maus, dias felizes e dias infelizes. A proporção é dois dias felizes por dez dias infelizes”. Estes foram dois dias muito infelizes para o Supremo Magistrado da Nação.

3 comentários:

  1. Será que o homem está bom da cabeça? Começo a duvidar.

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  2. Como parece que não é dado a bebidas, terá tomado algum medicamento incompatível com outro? Realmente espantou muita gente com aquele comportamento.

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  3. A primeira vez que vi Marcelo, antes de ser candidato à Câmara de Lisboa, foi a correr como um garoto para dar beijinhos num golfinho no Jardim Zoológico. Continua igual.

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