Através de um interessante trabalho publicado pelo Diário de Notícias, ficamos a saber que o Estado paga uma média de 36 euros por cada espectador que vê um filme português.
O apoio ao cinema é um elemento essencial da política cultural do Estado, sobretudo porque se trata de uma arte que não mobiliza receitas suficientes, como sucede em geral com as artes performativas. Porém, o que se passa com o cinema português ultrapassa as regras do bom senso e da boa gestão dos dinheiros públicos. Um único filme realizado por Edgar Feldman recebeu quase 450 mil euros e teve 78 espectadores, enquanto um trabalho de Paulo Rocha teve um apoio de 648 mil euros e foi visto por 527 pessoas! O realizador Fernando Lopes recebeu mais de dois milhões de euros para fazer três filmes, que foram vistos por 14 877 pessoas, o que significa que o Estado pagou 147 euros por cada espectador.
O mundo do cinema e da crítica cinematográfica é demasiado opaco para os cidadãos comuns e, por isso, esta revelação vem mostrar como é escandalosa a afectação de dinheiros públicos ao cinema, além de mostrar, também, que os jornalistas e os críticos preferem bajular-se ao chamado cinema de autor, do que denunciar esta escandalosa realidade.
Assim, ficamos a saber que a festa do cinema não é a distribuição dos Óscares em Hollywood. A festa do cinema é aqui e, esta gente, faz a festa, lança os foguetes e ainda apanha as caninhas. Nós pagamos.
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