Com 90 anos de
idade faleceu Maria de Jesus Barroso, a mulher que durante 66 anos foi casada
com o antigo Presidente Mário Soares. Era uma mulher notável que os portugueses
bem conheciam pela sua longa presença na nossa esfera pública e que conseguiu
gerar uma unânime onda de simpatia e de respeito à sua volta, pelo seu
excepcional percurso de vida nos planos familiar, artístico, profissional, político
e cívico.
Diplomou-se em
Arte Dramática na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, foi actriz na
companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro, sediada no Teatro Nacional D.
Maria II e participou em filmes de Paulo Rocha e Manoel de Oliveira.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa e foi professora e directora do Colégio Moderno. Em 1969
foi candidata a deputada pela Oposição Democrática e em 1973 participou no
Congresso da Oposição Democrática em Aveiro, tendo sido a única mulher a
intervir na sessão de abertura e, no mesmo ano, esteve em Bad Munstereifel na
reunião fundadora do Partido Socialista.
Depois do 25 de
Abril foi eleita deputada à Assembleia da República em várias legislaturas e,
entre 1986 e 1996, foi a primeira-dama de Portugal. Depois presidiu à Cruz
Vermelha Portuguesa e não desistiu de intervir na defesa activa de grandes
causas sociais e humanitárias. Hoje, todos, desde as personalidades políticas
de todos os quadrantes até aos mais simples moradores da vizinhança da Família Soares, repetiram elogios
ao talento, à energia, ao carácter, à cultura e à simplicidade de Maria
Barroso. No seu discurso de despedida, António Costa disse que “em todos os
socialistas fica hoje um vazio”.
Uma só vez estive
com Maria Barroso, quando há 20 anos ouvi falar português no hall de um hotel a dez mil quilómetros
de Lisboa e lhe dirigi a palavra. Nunca mais esqueci aqueles 15 minutos de
tão inesperada e agradável conversa.
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