Ontem
todo o Brasil se comoveu com a dor que se abateu sobre a cidade de Chapecó, no
interior do Estado de Santa Catarina, quando viu regressar as urnas dos
jogadores do Chapecoense vitimados pelo trágico acidente aéreo ocorrido nas
proximidades de Medellín. A imprensa brasileira associou-se a essa homenagem e
assim fez também o jornal Folha de S. Paulo, que hoje destaca
na sua primeira página a cerimónia da chegada das urnas.
Na
mesma edição o jornal paulista informa que os “deputados federais viajam ao
exterior a cada dois dias”. De acordo com uma investigação feita pelo jornal,
desde 2010 a
Câmara dos Deputados pagou 1283 viagens de congressistas ao exterior, o que em
média corresponde à saída de um deputado cada dois dias. Os motivos invocados para
essas viagens são, naturalmente, o trabalho político que varia desde o
“conhecimento in loco das realidades
diversas no estrangeiro”, até ao “estabelecimento ou estreitamento de parcerias
com estrangeiros”. A análise efectuada pelo jornal mostra que as viagens dos
congressistas tiveram 69 países como destino e, sobretudo, os Estados Unidos, a
França e a Suiça, o que certamente não tem nada a ver com turismo, nem com
controlo de contas bancárias no exterior. Além disso, verificou-se haver casos
de deputados que visitaram 21 países. O jornal denunciou estes abusos e procurou
saber o montante dos gastos com essas viagens, assim como o número de
acompanhantes dos deputados-viajantes, mas essa informação não lhe foi
fornecida.
Há
alguns anos, também em Portugal se verificavam este tipo de abusos e, se não me
falha a memória, até houve um deputado que, em trabalho político, deu uma volta
ao mundo. Nunca mais se falou nisso, mas era interessante que algum jornal
fizesse essa pesquisa objectiva às viagens dos deputados portugueses para sabermos se ainda fazem viagens turísticas à conta
dos contribuintes.
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