As
notícias que nos chegam do Brasil são demasiado preocupantes. As revelações sobre
a corrupção que penetrou em todos os escalões da política brasileira e que levaram
ao afastamento de Dilma Rousseff da presidência do Brasil e à permanente suspeita
sobre Luiz Inácio Lula da Silva, já tinham mostrado uma invulgar dimensão do
problema. Era previsível, portanto, que a história continuasse. E continuou. Sucederam-se
novas informações obtidas quase sempre através da figura da "delação premiada", que
trouxeram ao conhecimento público muitos mais casos que revelam subornos e
propinas a milhares de políticos de partidos de todo o espectro parlamentar
brasileiro. Ao contrário do que acontece um pouco por todo o mundo em que a
corrupção é a excepção, no Brasil a corrupção é a regra.
Um dia
destes foi revelada uma conversa entre o actual presidente Michel Temer e um
empresário de apelido Batista, no qual aquele parece autorizar o pagamento de
subornos. O Supremo Tribunal Federal abriu uma investigação contra Temer
sustentada em suspeitas de que cometera crimes de obstrução judicial,
organização criminosa e corrupção passiva, mas o presidente do Brasil apressou-se a fazer uma declaração
ao país a anunciar que não vai renunciar ao seu cargo. Era de esperar.
Na sua
última edição a revista Veja invoca a grandeza do Brasil e a
necessidade de grandeza dos homens públicos que ocupam o aparelho de Estado,
porque é urgente a rápida regeneração da vida pública brasileira. Porém, a ideia de grandeza pode ter subjacente a ideia de homens providenciais e é preciso muito cuidado com isso. A revista também lança um veemente apelo para que se acabe com esta lamentável
situação, porque os milhões de brasileiros honestos não merecem ser punidos
pela desfaçatez e pela ganância dos poderosos. É verdade. No entanto, a revista não aponta
uma saída para esta situação que, naturalmente, só pode ser encontrada através
da vontade popular expressa através do voto democrático. Só pode ser esse o
caminho a seguir pelos nossos irmãos brasileiros.
Sem comentários:
Enviar um comentário