No passado sábado
escrevemos aqui que os lucros da banca são uma obscenidade e, de facto, três
dias depois, o jornal Público escreve na primeira página
com grande destaque que “com subida das Euribor, 75% da prestação da casa são
juros pagos ao banco”.
No artigo que
serve de base a este título, a jornalista Rosa Soares escreveu que o “capital
amortizado ‘encolhe’ de forma significativa com a subida das Euribor” e que,
para muitas famílias se trata de “mais um aumento considerável na prestação da
casa”. Tem toda a razão. O aumento das prestações é duplamente penalizador para
as famílias, pois o valor pago em juros representa mais de três quartos da
prestação, com apenas um quarto a corresponder ao pagamento do capital
emprestado. Para explicar esta vergonha da exploração bancária, a jornalista
apresenta uma simulação de empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, associado à
Euribor, a que corresponde actualmente uma prestação mensal de 818,95 euros.
Pergunta-se: quem
tem salários em Portugal que possam pagar esta prestação? Se atentarmos que
deste valor apenas 175,32 euros (21,3%) são para amortização do capital
emprestado, concluímos que 643,64 euros (78,7%) correspondem a juros
extorquidos pela gananciosa banca, que se serve da irresponsabilidade e da
cegueira do Banco Central Europeu para apresentar os lucros obscenos a que
antes nos referimos. Há um ano, a prestação mensal do empréstimo era de 553 euros, dos quais 304
euros (55%) representavam a amortização de capital e os restantes 249 euros
(45%) ao pagamento de juros. Comparem-se os números: num ano, a prestação subiu
265,95 euros, mas o lucro extorquido pela banca subiu 294,64 euros.
Se isto não
é um escândalo, então a Terra não é redonda!
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