A edição de hoje
do jornal La Voz de Cádiz anuncia que os grandes veleiros que tomam parte
na Gran Regata, ou na Tall Ships Race
2023, partiram ontem de Lisboa, esperando-se que amanhã cheguem ao porto de
Cádis.
A Tall Ships Race
é um evento organizado anualmente que reúne os grandes veleiros de diferentes
países que cumprem uma itinerância por diferentes portos e que, por vezes, é
associada a uma efeméride relevante para uma ou mais cidades de acolhimento.
Este ano, essa grande festa de confraternização de veleiros a que se costuma
chamar regata, celebrou a primeira viagem de circumnavegação iniciada em 1519
por Fernão de Magalhães e completada em 1522 por Sebástian de Elcano. O ponto
de reunião dos veleiros aconteceu em Falmouth, no Reino Unido, seguiu-se a
navegação para La Coruña e depois para Lisboa, onde os veleiros estiveram desde
o dia 31 de Agosto até ontem.
Exceptuando, uma ou
outra breve notícia televisiva, o assunto foi ignorado pela comunicação social
portuguesa, o que é bem curioso, mas também muito triste. A presença de tantos
veleiros num qualquer porto é um espectáculo de grande beleza e uma memória
viva das navegações que descobriram o mundo, mas também uma afirmação de
juventude e de apelo à preservação do ambiente marítimo. Isso não interessou os
jornais portugueses que hoje falam de futebol, da crise da habitação, do
arranque do ano escolar e do preço dos combustíveis, ao contrário do que fez o
jornal La Voz de Cádiz que publicou hoje uma fotografia a toda a
largura da sua primeira página do navio-escola Sagres, a sair o estuário do Tejo.
Que pena não termos jornais
assim.
País de marinheiros? Hoje, talvez só para os (poucos) profissionais e poetas...
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