A guerra civil instalou-se na Líbia, na sequência dos protestos da oposição ao regime de Kadhafi e da reacção deste. Contrariamente ao que se passou na orla sul do Mediterrâneo e em alguns países do Médio Oriente, em que as Nações Unidas nada fizeram, na Líbia tomaram uma posição controversa: em vez de defenderem o cessar-fogo, o apaziguamento e a via diplomática para ultrapassar a situação, decidiram apoiar uma das partes. Assim, através da Resolução 1973 (2011) de 31 de Março do Conselho de Segurança, a NATO foi autorizada a proteger a população civil líbia sob ataque ou ameaça de ataque das forças governamentais lideradas por Kadhafi, tendo sido accionada a Operation Unified Protector com três objectivos: embargo de armas ao governo líbio, criação de uma zona de exclusão aérea e protecção de civis sob ataque ou ameaça de ataque.
A França, os Estados Unidos e o Reino Unido encabeçaram a operação, com destaque para a França "du petit Sarkozy" que mobilizou muitos meios e uma centena de aviões, além de ter efectuado os primeiros ataques aéreos à Líbia. Com meios muito mais limitados, isto é, com cerca de 6 aviões cada qual, juntaram-se-lhes o Canadá, Itália, Espanha, Bélgica, Dinamarca, Noruega, Qatar e UAE.
A operação decorre desde o dia 31 de Março e, segundo a NATO, nos 130 dias já decorridos, as acções aéreas totalizaram 18.279 saídas operacionais, em que se incluem 6.946 acções de ataque, isto é, uma média diária de 140 voos sobre a Líbia, incluindo 53 acções de ataque. São verdadeiros safaris!
No mesmo período, as actividades de embargo de armamento conduzidas no Mediterrâneo Central por 17 navios, traduziram-se em 2109 interrogações, 214 vistorias e 9 recusas de autorização para seguir para a Líbia.
Reflectindo os pontos de vista dos poderes dominantes, os mass media não têm acompanhado devidamente esta onerosa e brutal intervenção da NATO, que só é possível com o desconhecimento das respectivas opiniões públicas. A factura é cara e, em tempo de austeridade e de incerteza, elas não tolerariam esta agressão e exigiriam esforços no caminho da paz.
Mas o petróleo está ali tão perto…
Nota: Este assunto já aqui foi tratado em 21 de Março e 30 de Junho.
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