Agora que o cinto orçamental se aperta, há quem se interrogue sobre o futuro de uma centena de boys e girls que estão encaixados nas embaixadas portuguesas.
O jornal i calcula que quase 40% dos postos nas embaixadas portuguesas estão ocupados por pessoas que não são diplomatas de carreira, mas que são colocados nos postos diplomáticos na sequência de uma anterior proximidade com o poder político mas, também, em bastantes casos, com base em carreiras que se limitam aos atributos partidários, familiares ou outros, dos colocados. São tarefeiros de luxo.
Porém, eles adquirem um estatuto equiparado a conselheiros de embaixada e o vencimento de algumas dessas pessoas, muitas delas antigos jornalistas, varia entre 10 mil euros e 15 mil euros, acrescidos de alguns subsídios. Algumas são bem conhecidas da opinião pública e estão colocadas em cidades como Bruxelas, Nova York ou Paris, mas não tenho notícia de que algumas estejam colocadas em Luanda, em Maputo ou em Bissau.
Existem actualmente 264 funcionários diplomáticos no estrangeiro de todas as categorias em todos os postos, mas existem 103 que estão nomeados no regime de pessoal especializado. Por isso se diz que, melhor do que ser boy em Portugal é, seguramente, ser um boy expatriado e, naturalmente, numa grande cidade europeia ou americana.
O problema é muito grave, porque a nossa diplomacia não pode estar tão dependente de biscateiros que, em muitos casos, se estão a servir, em vez de servirem o país. No entanto, também é necessário que os diplomatas de carreira estejam verdadeiramente ao serviço do país, o que nem sempre acontece, sendo exactamente as suas fraquezas de desempenho que abriram as brechas por onde esta gente tem entrado.
Sem comentários:
Enviar um comentário