No passado sábado registou-se uma violenta desordem em Tottenham, no norte de Londres, que rapidamente alastrou por outros bairros da cidade e, depois, a cidades como Birmingham, Liverpool, Bristol e Leeds. Como denominador comum aos incidentes e à violência, estão jovens de cara tapada com lenços, alguns deles trajando de negro, que incendeiam e pilham numa escala de grande intensidade, num toca e foge difícil para as forças policiais.
A polícia de Londres descreveu a violência registada durante a noite de segunda para terça-feira como “a pior noite de sempre” na capital britânica e os jornais londrinos dão grande destaque a palavras como lawless e anarchy, enquanto as televisões mostram a a brutal violência dos acontecimentos.
As verdadeiras causas deste protesto social, que alastra rapidamente, são complexas mas têm contornos semelhantes, quer ocorram em Londres ou em Paris, agravando-se em tempos de crise económica, de desemprego, de austeridade desigualmente repartida, de indignação perante a injustiça e de crescente corrupção.
As novas gerações estão descontentes e desiludidas com o futuro que o actual modelo económico e o sistema político lhes oferecem e, à medida que as regalias do Estado e do modelo social vão minguando, cresce a decepção e a revolta contra a sociedade, tantas vezes egoísta e distraída. Muitos dos indignados são emigrantes de todo o mundo, desenraizados e desorientados, para os quais não tem havido políticas de integração nem perspectivas de vida, para além da exploração da força do seu trabalho, pelo que são facilmente instrumentalizados.
Hoje em Londres, tal como ontem em Paris, vive-se em insegurança e os acontecimentos estão a mostrar mais uma vez como são difíceis os tempos actuais e como a governação deve ser prudente e inteligente. A Europa é uma sociedade multicultural e é necessário que não se deixe contaminar pela crise económico-financeira, nem pelos excessos, quer dos explorados, quer dos exploradores.
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