A edição de hoje do Correio da Manhã informa com grande destaque que as chefias partidárias se têm instalado na máquina do Estado, titulando que “boys de Portas e Passos na Segurança Social”. A notícia não constituirá uma verdadeira surpresa pois todos conhecemos como o poder político sempre instalou na estrutura do Estado os seus amigos - aqueles a quem António Guterres chamou “boys” - e, ao avançar com esta notícia, o jornal terá recorrido certamente a fontes credíveis.
Entretanto, questionado hoje sobre esse assunto, o presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção da Administração Pública (CRESAP) garantiu que não é influenciável e que as nomeações de topo na função pública passam apenas pela meritocracia, tendo afirmado que se acabaram os "jobs for the boys". Depois, informou que foram introduzidos critérios objectivos para as nomeações governamentais - liderança, colaboração, motivação, orientação estratégica, orientação para resultados, orientação para o cidadão e serviços de interesse público, gestão da mudança e da inovação, sensibilidade social, experiência profissional, formação académica, formação profissional e aptidão para o cargo.
Devem ambos ter razão – o jornal e o presidente do CRESAP – a revelar que o poder político pode ter boas intenções no sentido de se orientar pela meritocracia, mas que continua a não resistir aos vícios da partidocracia, como denunciou o Correio da Manhã.
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