Foram anunciados
os nomes dos candidatos à compra do Novo Banco e, de acordo com o que foi
noticiado, as ofertas vinculativas dos três candidatos - Anbang, Fosun e Apollo
- dificilmente atingirão os 2,5 milhões de euros, o que significa que apenas
será recuperado metade do montante de 4,9 milhões de euros que foi injectado
pelo Fundo de Resolução, uma entidade recentemente criada e que por falta de
fundos foi financiada pelo Estado. O tema faz hoje manchete no Jornal
de Notícias e, naturalmente, é muito preocupante porque revela que o
caso BES tem sido tratado com muita incompetência, alguma desfaçatez e muita
mentira. É grave que os nossos dirigentes tratem os cidadãos dessa maneira.
Nos primeiros
dias de Agosto do ano passado, depois do BES ter apresentado prejuízos
históricos de 3,6 milhões de euros, o Banco de Portugal anunciou uma
injecção de capital de 4,9 milhões de euros e a criação de um "banco
mau" e de um "banco bom", que passou a chamar-se Novo Banco. A
solução de financiamento encontrada foi um empréstimo do Estado ao Fundo de
Resolução, a ser reembolsado pela venda do novo banco e pelo sistema bancário,
onde se inclui a CGD. Muitas vozes se levantaram então contra o facto de,
previsivelmente, os contribuintes portugueses virem a suportar uma boa parte
dos custos do financiamento do BES, tal como já acontecera no caso do BPN. Lembremo-nos que duas semanas antes, de passeio pela
Coreia, o Presidente da República tinha dito que “os portugueses podem confiar
no BES”. Afinal não era verdade e aconteceu a intervenção. A Ministra das
Finanças garantiu então que "os contribuintes não terão de suportar os
custos relacionados com a decisão tomada hoje”, enquanto o Presidente da
República veio considerar “totalmente errado” o que tem sido dito nos últimos
dias sobre o BES e rejeitou que eventuais prejuízos na CGD, por causa do
seu envolvimento no resgate, viessem a resultar num custo para os
contribuintes. Agora, quando se sabe que apenas vai ser recuperado metade do
dinheiro aplicado no BES, temos que perguntar ao Presidente da República e à
Ministra das Finanças quem vai pagar o resto, isto é, ou não perceberam nada do
que estava a acontecer ou quiseram enganar-nos. É que eles foram peremptórios a
afirmar que os contribuintes não suportariam esses custos.
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