A história é
simples. Há tempos, num aparente braço de ferro com Bruxelas por questões de
segunda ordem, o governo de David Cameron decidiu ameaçar com a saída da União
Europeia. De regresso a Londres, Cameron entusiasmou-se com a sua infantil ameaça e
tratou de fazer um referendo, embora ele próprio tivesse feito campanha pela
permanência do Reino Unido na União Europeia. Porém, a maioria dos eleitores
britânicos votou contra ele e escolheu a saída, isto é, escolheu o famoso
Brexit sem saber o que isso significava. Derrotado, David Cameron demitiu-se e
sucedeu-lhe Theresa May.
Theresa May chegou ao
governo cheia de força, de arrogância e de vontade de encostar à parede a União
Europeia e os seus líderes. Imaginou-se uma nova dama de ferro, uma sucessora
de Margaret Thatcher. Falou alto e também fez ameaças aos burocratas de Bruxelas. Quis ditar as regras do jogo. Do outro lado do Atlântico pareceu-lhe ouvir o apoio do
Donald e sentiu-se ainda mais predestinada para um grande futuro político.
Tinha a maioria absoluta no Parlamento mas, iludida pelas sondagens, entendeu
que deveria sujeitar-se ao eleitorado para legitimar a sua liderança que não
resultara do voto popular. Queria ainda mais poder.
Entretanto as
coisas começaram a não lhe correr de feição. Afinal o Donald tratou-a mal nas reuniões da NATO
e do G7 e, dos outros líderes, ninguém lhe ligou. May regressou a Londres nervosa e desorientada. Depois
aconteceram os atentados em Londres e Manchester. Theresa May começou a perder
fôlego.
As eleições gerais realizaram-se no passado dia 8 de Junho e Theresa
May perdeu a sua maioria absoluta. Como diz o The guardian, ela foi da
arrogância à humilhação. O Reino Unido está desorientado e isolado, cheio de
problemas internos. Anda à deriva. É difícil prever o que aí vem, mas certamente que não é de um líder derrotado e tão enfraquecido como Theresa May que o Reino Unido precisa para enfrentar os muitos desafios que tem pela frente.
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