sábado, 19 de outubro de 2019

O Luxemburgo e a sua marinha mercante

O pequeno grão-ducado do Luxemburgo que tem uma superfície que não chega a ser metade do Algarve e que não tem qualquer ligação ao mar, tem hoje uma importante marinha mercante e cerca de 20.000 inscritos marítimos, segundo informa o jornal luxemburguês Le Quotidien.
Há 217 navios inscritos no registo luxemburguês, representando cerca de 1,41 milhões de toneladas mas, no mínimo, esta realidade parece ser um paradoxo.
Tudo começou em 1990 quando o Luxemburgo decidiu que a sua economia, até então especializada nos sectores financeiro e dos serviços, se lançasse no sector marítimo, como forma de dar oportunidades à sua banca de investimento e de assegurar uma receita fiscal aos cofres luxemburgueses.
Curiosamente, o primeiro navio registado na praça luxemburguesa foi o Prince Henri, um navio-transporte de produtos químicos que antes estava registado na Bélgica, mas a partir de então a procura pela praça luxemburguesa aumentou, apesar de ser uma opção mais cara do que o registo nas praças de Malta ou do Chipre.
Porém, para entrar neste mercado do registo marítimo o Luxemburgo apostou na diferenciação e decidiu não aceitar o registo dos grandes petroleiros com o argumento de que não querem ser coniventes com a poluição causada pelos acidentes marítimos. Além disso, só aceita que o pavilhão luxemburguês seja içado em navios novos, modernos e não poluentes, devendo o proprietário ou armador ter uma base empresarial ou uma sucursal em território luxemburguês. Significa, portanto, que o Luxemburgo se inspirou nas técnicas de marketing e apostou num posicionamento e numa diferenciação do seu “produto”, o que se traduziu já no registo de 217 navios.
Com este negócio inovador mas paradoxal, que é um país sem mar ter uma marinha, o Luxemburgo considera ter aberto mais uma porta para as suas actividades económicas e para o seu melhor posicionamento no mundo.

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