Embora o
território de Macau tivesse gozado sempre de grande autonomia e quase pudesse
ser classificado como um estado-nação governado por um Senado ou assembleia de
moradores, durante os primeiros três séculos em que hasteou a bandeira
portuguesa dependeu do vice-rei da Índia, instalado em Goa. Essa ligação
administrativa e institucional durou até 1844 quando foi criada a província de
Macau, Timor e Solor, dirigida por um governador nomeado em Lisboa, mas dessa relação
histórica ficaram memórias e empatias, até porque os goeses são, ainda hoje,
uma importante comunidade no território de Macau. Por isso, os jornais
macaenses de língua portuguesa tratam muitas vezes os assuntos culturais
goeses, sobretudo em relação à defesa e preservação da língua e do património
portugueses em Goa.
Ontem o jornal hoje
macau publicou um artigo intitulado “Valha-nos Portugal”, com chamada
de primeira página, em que o arquitecto goês Fernando Velho apela à intervenção
de peritos portugueses para salvar a Basílica do Bom Jesus em Velha Goa, que
está ameaçada pelas chuvas. Este monumento foi construído entre 1594 e 1605,
faz parte do grupo de igrejas e conventos que a Unesco classificou em 1986 como
Património Mundial e alberga o túmulo em prata de S. Francisco Xavier,
considerado como o apóstolo do Oriente.
No entanto, a
preservação do património de origem portuguesa nos países da orla do oceano
Índico, é um problema de cada um dos países onde se localizam. Se for do seu
interesse, esses países podem pedir o apoio das instituições portuguesas.
Porém, sejam elas públicas ou privadas, não podem ter qualquer intervenção
nesse domínio sem que as autoridades locais a solicitem ou autorizem. Há
protocolos culturais com alguns desses países, nomeadamente com a Índia. Que
sejam activados ou reactivados. Que a Basílica do Bom Jesus e outros monumentos
de origem portuguesa possam ser preservados.
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