Portugal é um país com uma longa história de muitos séculos, em que se têm alternado os períodos de grande prosperidade com os tempos de depressão, mas também os tempos de orgulho nacional com os tempos de descrença colectiva.
Estamos em tempo de depressão e de descrença colectiva mas, ao longo dos séculos, como muito bem observou o historiador Charles Boxer, “os Portugueses têm mostrado uma notável capacidade para sobreviverem ao mau governo vindo de cima e à indisciplina vinda de baixo”.
Hoje estamos numa encruzilhada. É mesmo um caso sério. Ocorrem-me as imagens do Serengeti que o National Geographic nos mostra frequentemente, com os abutres a devorar carcaças. Recordo, também, Rafael Bordalo Pinheiro e a capa d’A Paródia, ilustrada com a “grande porca”, além do famoso texto de há mais de cem anos:
“Cá pelo país está tudo diferente e tudo na mesma. As lutas pelo poder continuam. Os partidos sucedem-se. Ainda há algum tempo em conversa com Rafael falamos sobre isso. E que a política é como uma 'grande porca', ambos concordamos. É na política que todos mamam. E como não chega para todos, parecem bacorinhos que se empurram para ver o que consegue apanhar uma teta”.
Agora estamos na mesma. Os rivais atropelam-se. No Estado. Nas empresas públicas. Nas regiões autónomas. Nas autarquias. Nas corporações. Nos institutos. Nas fundações. Por toda a parte. À procura do voto, como forma de manter ou tomar o poder. Não é um ensaio sobre a cegueira. É a própria cegueira. A culpa não é de A nem de B, mas do abecedário todo.
É preciso mudar de vida. Queremos que se entendam.
Sejam responsáveis. Mamem com moderação!
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